Açoriano Oriental
Empresários açorianos pedem plano de ação imediato para sazonalidade

A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada defendeu hoje um plano de ação imediato face a "uma regressão de muitos anos" no combate à sazonalidade do turismo nos Açores, com "seis meses previstos de resultados negativos".

Empresários açorianos pedem plano de ação imediato para sazonalidade

Autor: Lusa


A posição da direção e da Comissão Especializada do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Associação Empresarial das Ilhas de São Miguel e Santa Maria, surge na sequência de uma reunião que decorreu na terça-feira com o objetivo de analisar e discutir a situação atual do setor.

Segundo a Comissão Especializada do Turismo, a redução de voos da companhia aérea de voos ‘low cost’ Ryanair para o arquipélago, desde 01 de outubro de 2023, "é um retrocesso" no modelo de acessibilidade à Região Autónoma dos Açores.

O agravamento da sazonalidade motivou "uma redução da procura pelo destino, pois a taxa de ocupação nos Açores decresceu 6,7% em janeiro de 2024 e o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) também decresceu 6,3% (quebra mais elevada do país), estando os Açores no 3.º lugar das regiões com pior RevPAR de Portugal", lê-se num comunicado.

Se por um lado a hotelaria tradicional "sofreu menor impacto" com a redução dos voos da Ryanair com alguma compensação feita pela transportadora aérea SATA, a associação empresarial alerta que no caso do alojamento local, restauração, rent-a-car, animação e em outras atividades turísticas foram registados "decréscimos" que em alguns casos "ultrapassaram os 40%".

A Câmara de Comércio manifesta, assim, preocupação em relação ao "retrocesso que o turismo está a ter no Inverno IATA 2023/24", isto depois de os Açores se terem conseguido posicionar como "um destino diferenciado" no pós-pandemia de covid-19.

"A situação mostra alguns sinais de preocupação na medida em que o impacto de recuperação da pandemia já não se faz sentir nos negócios", considera a associação empresarial em comunicado.

Para a Comissão Especializada apesar de uma maior oferta turística e mais investimentos houve uma redução de lugares nos voos nos últimos meses.

"Nas ligações para o continente português houve neste inverno um decréscimo de cerca de 11% de lugares o que corresponde a cerca de 50.000 lugares que podiam potenciar 150.000 dormidas", assinala.

A Comissão Especializada do Turismo lembra o peso do setor na economia regional, quer em termos de emprego (representando cerca de 25 mil postos de trabalho diretos e indiretos), quer para o PIB regional (cerca de 12%) e o contributo para fixação de população nas ilhas.

"Não fora o crescimento do turismo na última década, a evolução demográfica dos Açores teria sido muito mais negativa do que já foi, pelo que não é aceitável que o setor tenha um retrocesso real", salienta.

A "redução drástica das ligações operadas pela Ryanair no inverno IATA teve um impacto efetivo na procura pelo destino e, ao contrário do que se exigia, os voos não estão a acompanhar a disponibilidade que existe ao nível da oferta turística. A escassez de voos está a bloquear o setor do turismo. Sem voos não há turismo", alerta.

Na nota, a associação empresarial faz ainda referência ao "sentimento crescente de insegurança" na cidade de Ponta Delgada, em São Miguel, pedindo uma intervenção urgente integrada das várias entidades, tal como em relação à segurança dos trilhos, propondo a utilização de um equipamento com mecanismo de localização dos turistas.

Por outro lado, acrescenta, "a promoção turística é débil e sem um plano efetivo e adequado aos desafios do setor que já gera cerca de 600 milhões de euros de PIB nos Açores, recebendo menos do que 1% de reinvestimento do governo em promoção”.

A associação defende igualmente uma “moralização e modernização” do modelo de Subsídio Social de Mobilidade.

Relativamente ao verão, a associação fala em boas perspetivas nas rotas do mercado internacional de "cerca de 18% face ao período homólogo" de 2023, mas alerta que são "ténues" as perspetivas de ligações internas, registando o crescimento de "apenas 4% da oferta no mercado nacional, o que evidencia uma perspetiva pouco animadora tendo em conta o peso e o potencial do mesmo".


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados