Autor: Miguel Bettencourt Mota
No dia 24 de março vão atuar no Coliseu Micaelense? O que se vai poder ouvir? Sobretudo, o último álbum ‘A Bunch of Meninos’ ou também temas do novo disco, Odeon Hotel?
Bem, o repertório vai passar um pouco pelos discos todos e também vamos tocar algumas músicas do novo álbum que vai sair em abril...
...Não tem sido incomum vermos e ouvirmos Dead Combo nos palcos açorianos. Desta vez, tocam no Coliseu, mas já estiveram também, por duas vezes, no Teatro Micaelense. Há uma ligação especial vossa a este lugar?
Para nós, os Açores são sempre um sítio muito especial...Por todas as razões do mundo [risos]! Resultam sempre em momentos e concertos que nós guardamos na memória...
...Então porquê?
É um bocadinho por tudo: é pelas pessoas – pela receção fantástica que temos - e pela beleza dos Açores em todos os sentidos...Mas acima de tudo pelas pessoas.
Que referências têm do Tremor?
As referências que temos são muito boas. Toda a gente que foi às outras edições nos disse maravilhas do festival. Dizem-nos que tem algo de muito único e de muito bom.
Os Dead Combo já somam 15 anos de existência. Que balanço fazer desta década e meia de música?
Muito bom [risos]! Começámos os Dead Combo sem ambições, sem objetivos, sem querermos grande coisa a não ser podermos tocar a nossa música e não tínhamos expectativa nenhuma que isto crescesse da maneira como cresceu e chegasse a tantas pessoas. Cada vez mais, nos surpreendemos com isso...
...Também são quinze anos de muita estrada. Nunca se cansaram?
Dos concertos, não. Aquilo de que nos cansamos tem a ver com questões pessoais e não com a música.
...E um do outro, já se cansaram?
Sim. O grupo sou eu e o Tó [Trips] e, às vezes, é como num casamento...Não há um terceiro elemento para ajudar a decidir as coisas e é complicado. Mas, pronto, ao fim de quinze anos já aprendemos a lidar com isso de outra maneira e de uma forma mais saudável [risos]...
...Alguma vez esteve em cima da mesa terminarem com o projeto?
Já e até por duas vezes, ao longo de quinze anos. Mas depois chegamos sempre à conclusão que a música fala mais alto e que os problemas que nós temos acabam por ínfimos e facilmente ultrapassáveis. Lá está, são coisas que não têm absolutamente nada a ver com a música...São de outros foros.
Olhando para trás e para o vosso percurso, acha que gradualmente o vosso som se foi reinventando?
Eu espero bem que sim. Nós pelo menos tentámos fazer isso, reinventarmo-nos e criarmos coisas novas. O esforço vai no sentido de criarmos resultados novos e irmos a sítios onde não tenhamos ido. Agora, se o temos conseguido ou não, as pessoas é que têm que o dizer.
Podemos ouvir fado, rock, blues e a mescla disto tudo nos vossos trabalhos..A pergunta vai no sentido de perceber se terão uma toada musical mais definida agora, ou se preferem continuar a não impor limites à vossa música?
Acho que descobrimos uma linha, mas acho que essa linha é muito abrangente e pode incluir um pouco de tudo...Aliás, o novo disco é mais abrangente do que todos os outros.
Que registos musicais é que exploram neste Odeon Hotel?
Tem coisas mais para o lado do rock, algo de fado...É muito abrangente e difícil de resumir sem se ouvir.
Como decorreu o processo criativo deste álbum? O ‘A Bunch of Meninos’ data já de 2014...
Foi simples, mas mais demorado do que o normal. Isto porque, pela primeira vez, o disco foi produzido por alguém que não nós. Desta vez, a produção ficou a cargo de Alain Johannes – que trabalhou com Queen Of Stone Age, PJ Harvey, Chris Cornell e uma série de malta – e isso significou uma grande mudança. Fizemos uma pré-produção durante bastante tempo e enviámo-la. Só quando ele veio cá a Portugal é que o gravámos. Também foi a primeira vez que gravámos de raiz com bateria e fizemo-lo com o Alexandre Frazão, que vai estar connosco nestes concertos.
Acha que o disco poderá atingir os mesmos patamares de reconhecimento de alguns que o antecederam?
Nessas coisas nunca consigo ter uma noção. Só depois do disco estar cá fora e ouvir o ‘feedback’ das pessoas é que consigo perceber o que é que aquilo é. •
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