Autor: Cristina Pires/ Ana Paula Fonseca
Porque é que aceitou este desafio?
É um desafio que abre portas para
que os jovens possam também integrar-se na sociedade e na vida
política. Acho que foi uma grande aposta pelo CDS e pelo PPM.
Relativamente à questão da coligação do PPM, tenho a maior consideração
pelo Dr. Paulo Estêvão, que também recebeu o desafio de forma muito
positiva, havendo assim a possibilidade de haver massa crítica neste
âmbito.
Encabeça uma lista que diz ser jovem e dinâmica. Que equipa é esta?
É
uma equipa maioritariamente jovem. Ninguém tem qualquer formação
política ou ingressou a política no seu trabalho, mas tem muita vontade
de trazer alguma novidade ao concelho, trazer mais-valias, e de
responder às necessidades efetivas das pessoas.
Que necessidades são essas?
Existem
várias necessidades. Queria apontar que a nossa lista, embora seja
jovem, é transversal às preocupações de todas as idades.
Há uma
questão fundamental no nosso concelho: não possui centros de noite, pelo
menos afetos à Câmara Municipal de Ponta Delgada, o que leva as pessoas
a serem transferidas massivamente para lares e, muitas das vezes, ainda
estão nas suas faculdades, podendo ter algum apoio nestes Centros de
Noite. Depois há que insistir para que haja uma rede de cuidadores
transversal a todas as freguesias, para que possa haver essa proximidade
e um apoio local e mais direto aos nossos idosos...
...Mas sendo uma responsabilidade assumida pela autarquia?
É uma responsabilidade assumida pela autarquia em cooperação com as juntas de freguesia.
E
relativamente aos Centros de Noite, quais são as localidades do
concelho que estão a necessitar de uma infraestrutura desta natureza. Já
fizeram este levantamento?
Temos alguns levantamentos, mas de
qualquer das formas uma proximidade com as juntas de freguesia poderá
transmitir especificamente, quais são estas necessidades e podem fazer
este levantamento da melhor forma. Pelas instituições que estivemos a
contactar há indicação por parte da Segurança Social de idosos que vêm
dos cuidados continuados do Hospital. (...)São pessoas que já vêm
acamadas e com grandes dificuldades e que a família não consegue dar
resposta às suas necessidades.
Quais são as freguesias em particular que precisam deste tipo de apoio?
Por
exemplo, temos os Arrifes que em 2009 houve a tentativa de inauguração
de um Centro de Noite e que até agora não se encontra em funcionamento.
Também é uma das maiores freguesias de Ponta Delgada. Com um
levantamento das necessidades, claro que podemos estender a todo o
concelho.
A atual situação do comércio local é outra das suas preocupações. Porquê?
Tem havido um afastamento do comércio tradicional. As pessoas por uma
questão de comodismo optam por ir para os centros comerciais. Uma das
nossas propostas é uma alteração aos parquímetros. Achamos que o
contrato de concessão com a Câmara não está a satisfazer as necessidades
efetivas do centro da cidade, prejudicando assim o comércio tradicional
e as pessoas que ainda habitam no centro da cidade. A nossa política
não é retirar os parquímetros, no entanto há que criar alturas do dia,
período pós-laboral, a partir das 17h30 até às 18h30, em que possa haver
um incentivo para as pessoas virem fazer compras ao centro da cidade, e
também ao sábado. Se houver um ajuste da autarquia com a empresa será
uma mais-valia para o comércio tradicional.
Que outras medidas propõe para dinamizar o comércio tradicional?
(...)Há
ruas que podem ser encerradas durante alguns períodos de tempo, para
além de outras medidas. Temos que olhar pelo nosso comércio tradicional,
tem de se manter as empresas abertas - o que também se reflete no
número de postos de trabalho.
Defende que o município tem de apoiar o empreendedorismo jovem. Com que tipo de medidas?
O
empreendedorismo é muito importante face ao crescimento do concelho.
Uma das medidas que nós apostamos é a isenção da derrama municipal
durante os primeiros três anos da instalação da empresa no concelho.
É única medida que propõe?
Ao
empreendedorismo jovem sim, mas também a dinamização de espaços que nós
temos para que se possam instalar as empresas no concelho. Temos, por
exemplo, na Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, um espaço
que visa a integração de novas empresas que precisa de ser bastante
dinamizado. Custa-me entrar naquelas instalações e ver aquilo
maioritariamente fechado.
Também defende a reestruturação do serviço de miniautocarros. O que propõe em concreto?
Há
que dar mais mobilidade ao concelho. Julgo que esta é uma proposta que
todos deveriam ter em atenção. Cada vez há mais necessidades por parte
da população e de quem nos visita. Estamos a viver uma nova era no
turismo, e é preciso colmatar estas lacunas. A nossa proposta é estender
um pouco mais a rede existente, haver uma reestruturação a nível de
horários porque, por exemplo, nem todas as linhas funcionam ao sábado,
e há muitas pessoas que trabalham ao sábado. Haver também a inclusão de
novas linhas, como em São Roque, onde há um densidade populacional
elevada e permitir assim que as pessoas tenham mais mobilidade no
concelho.
Há alguns partidos que defendem a criação de centrais
rodoviárias. Qual é a sua posição sobre esta questão. Acha, por exemplo,
necessário retirar os autocarros da Avenida Marginal?
Eu não
concordo minimamente com este projeto e acho que nunca irá sair da
gaveta. Quem utiliza este meio de transporte são, maioritariamente,
crianças e idosos. Não podemos deslocalizá-los para a periferia
(...).Temos uma cidade pequena. Suponhamos que as pessoas vinham do
Bairro Alcino Alves, fariam uma paragem perto de São Roque, que é a
proposta deles, e depois teriam que mudar de estação e voltar para Ponta
Delgada. Não faz sentido estar a percorrer um quilómetro, acarreta mais
custos para as pessoas e seria mais moroso.
Que medidas, do seu
ponto de vista devem ser implementadas para minimizar a chamada “pegada
ambiental” em alguns locais, como por exemplo, a Lagoa do Canário, nas
Sete Cidades, devem ter um limite de acesso ou ter um acesso pago?
Não
concordo que haja um acesso pago e nem que haja limite. Acho que deve
haver uma grande sensibilização das pessoas e informação local sobre o
que devem ou não fazer e talvez um acompanhamento especializado. Sabemos
que há empresas de turismo que acompanham pessoas a fazer trilhos. Por
outro lado, há a nossa natureza. Acho que não deve ser um impeditivo.
Ao nível dos serviços, o concelho está bem servido, nomeadamente ao nível da restauração?
O
concelho está a crescer neste sentido. Há mais restaurantes a
funcionar. Agora, continua a haver a necessidade de os restaurantes
conseguirem manter o seu horário laboral até mais tarde, porque não é a
mesma coisa as pessoas estarem cá de férias e os residentes. Há que
alargar e estender um bocadinho os horários (...).
Ao nível do alojamento?
O
alojamento local tem crescido exponencialmente na cidade. É um opção às
cadeias hoteleiras, mas abre um precedente relativamente à habitação, e
este tema terá que ser revisto pela autarquia. Há uma lacuna muito
grande no arrendamento e pode haver um plano de regeneração urbana com
apoios e parcerias público-privadas. Deve haver uma atenção muito
especial neste sentido.
O seu programa eleitoral defende apoios ao
arrendamento jovem. Qual é a sua ideia: trazer mais jovens para cidade
ou fixar estas pessoas nas suas freguesias de origem, evitando assim,
por exemplo, a diversificação da costa norte do concelho?
Estes dois
pontos são muito importantes. Não deixar que a cidade morra, ou seja,
uma cidade sem pessoas, é uma cidade sem vida. Atualmente, a maioria das
pessoas que vive no centro da cidade são idosas e temos uma quantidade
de prédios devolutos. Os licenciamentos são caros, entre outras
questões, afastam as pessoas do centro da cidade. Também é importante
manter as pessoas a viver no local onde nasceram...
Falemos agora da recolha e gestão de resíduos. Como avalia o atual sistema de recolha seletiva no concelho de Ponta Delgada?
É
das questões que está pior no concelho. Existe atualmente uma recolha
seletiva de porta a porta que não funciona. Temos apenas uma por vez por
semana a recolha de plástico, a de cartão e de vidro é inexistente. Os
recipientes do lixo devem ser alterados para ilhas subterrâneas, e
principalmente haver uma recolha mais intensiva, dado o aumento do
turismo no concelho. É preciso haver também uma sensibilização
relativamente às quantidades de lixo a ser reciclado. Quanto maior o
lixo reciclado, menor será o lixo urbano.
Qual é a sua posição sobre o processo da incineração?
A
incineração acaba por ser um mal necessário. As pessoas produzem lixo e
tem de haver uma solução. O aterro sanitário está lotado e é preciso
haver uma solução para o depósito de lixo. Desde que não seja
sobredimensionada e cumpra os estudos de impacte ambiental e as questões
de saúde pública, deverá avançar.
A dívida do município à banca
diminuiu de 20 milhões de euros em 2012 para 9,4 milhões de euros em
2016, segundo o atual presidente José Manuel Bolieiro. Esta é uma
questão que a preocupa, enquanto candidata?
É uma mais-valia a
dívida ter baixado, mas não nos podemos esquecer que o PSD já está há 20
anos na Câmara. Esta dívida foi contraída pelo próprio partido e o
atual presidente da Câmara foi vice da Dr.ª Berta Cabral. Houve um
esforço relativamente aos valores, muito por não terem feito obras no
último mandato.