Programa do Governo da Madeira prevê novo barco para ligações com o Porto Santo
15 de jun. de 2024, 11:45
— Lusa/AO Online
“Dar sequência aos
procedimentos necessários com vista a substituir o ferry entre a ilhas
da Madeira e do Porto Santo, por outro mais moderno e rápido, cumpridor
das novas diretivas europeias relativas às emissões poluentes e com
maior conforto para os passageiros conforme previsto no programa Madeira
20-30”, lê-se no documento entregue pelo presidente do executivo, o
social-democrata Miguel Albuquerque, na Assembleia Legislativa, no
Funchal.Em matéria de transportes, é
também preconizada, através da abertura de um concurso público, a
criação de uma linha de ferry com a concessão de “um serviço misto de
passageiros e carga entre a Madeira e o continente”.
Esta tem sido uma medida preconizada, entre outros partidos, pelo
Juntos Pelo Povo (JPP), que nas eleições regionais de maio aumentou o
seu grupo no parlamento regional de cinco para nove deputados, num
universo de 47 eleitos. O seu líder, Élvio Sousa, assegurou durante a
campanha eleitoral que estava em condições de garantir esta ligação se o
partido tivesse funções governativas.
Depois de o PSD vencer as eleições, sem maioria absoluta, o JPP e o PS
(que, juntos, também ficam aquém da maioria absoluta) anunciaram um
acordo para tentar retirar os sociais-democratas do poder, sem sucesso.A
Madeira já teve uma ligação por ferry com o continente entre 2008 e
2012, operada pela Naviera Armas, e depois novamente em 2018 e 2019,
pela Empresa de Navegação Madeirense, que alegou na altura que o negócio
dava prejuízo.No Programa do Governo hoje
entregue, com mais de 170 páginas e dividido em oito capítulos,
correspondentes às secretarias que compõem o atual executivo insular, a
equipa liderada por Albuquerque compromete-se também a “promover uma
alternativa de passageiros e carga durante a interrupção anual da linha
marítima Madeira-Porto Santo”, visto que durante cerca de um mês não
existe a ligação por barco entre as ilhas.No
capítulo da habitação, pretende-se incrementar o investimento no parque
habitacional público da região, através da construção, da reabilitação e
da aquisição de casas para fins sociais.O
executivo diz que vai rentabilizar o património devoluto da Madeira,
bem como terrenos públicos sem utilização que podem ser canalizados para
a construção de novos empreendimentos a custos controlados, para as
modalidades de arrendamento e aquisição, e criar uma bolsa de terrenos
públicos com vista à cedência a cooperativas de habitação.
Em linha com o anterior Programa do Governo, insiste-se no
desagravamento fiscal de forma gradual em sede de Imposto sobre o
Rendimento das pessoas Singulares (IRS), mas “sem comprometer a
consolidação orçamental e o equilíbrio das finanças públicas, promovendo
o aumento do rendimento disponível e a melhoria da qualidade de vida do
contribuinte residente” na região.Quanto
ao Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA), prevê-se a redução na
eletricidade e nos bens de primeira necessidade de 5% para 4%.O
Programa do Governo Regional, que contém muitos princípios e medidas do
documento aprovado no mandato anterior, vai ser discutido, sob forma de
moção de confiança, a partir de terça-feira no parlamento madeirense,
estando a votação agendada para quinta-feira.O
PS e o Chega já anunciaram que vão votar contra o documento. O JPP
ainda não indicou o seu sentido de voto, pelo que, se também votar
contra (como fez no ano passado, no início do mandato anterior), haverá
um chumbo.O PAN mostrou-se disponível para
votar a favor do Programa e do Orçamento Regional, recusando ser um
elemento de instabilidade, enquanto a IL admitiu avaliar a gestão
social-democrata “programa a programa, orçamento a orçamento, medida a
medida”.O anterior Programa do Governo
Regional (do PSD e do CDS, partidos que agora têm um entendimento
parlamentar ainda aquém da maioria absoluta) foi aprovado em novembro de
2023 com os votos favoráveis dos partidos da coligação de direita – que
somavam 23 deputados – e da eleita do PAN, Mónica Freitas, com quem o
líder social-democrata regional celebrou um acordo de incidência
parlamentar. Toda a oposição votou então contra o documento.Em
maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a
maioria absoluta. O PS conseguiu 11 deputados, o JPP nove, o Chega
quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.
As eleições antecipadas do mês passado
realizaram-se oito meses após as legislativas madeirenses de setembro
de 2023, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento
regional, na sequência da crise política desencadeada em janeiro,
quando Albuquerque foi constituído arguido num processo sobre alegada
corrupção. O governante acabou por se demitir e o executivo ficou então
em gestão.