Novas eleições regionais na Madeira só são possíveis a partir do final de janeiro de 2025
16 de jun. de 2024, 19:50
— Lusa/AO Online
O
Programa do Governo, que o líder do executivo, o social-democrata Miguel
Albuquerque, entregou na sexta-feira, vai ser discutido e votado na
próxima semana na Assembleia Legislativa Regional, no Funchal.O
PS, o Chega e – hoje – o JPP já anunciaram que irão votar contra o
documento. Visto que o PSD não tem maioria absoluta no parlamento
madeirense (para a qual são necessários 24 assentos), o Programa será
chumbado se se mantiverem os sentidos de voto. Juntos, os três partidos
da oposição têm precisamente 24 eleitos.Nas
eleições de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco
mandatos de conseguir a maioria absoluta. O PS elegeu 11 deputados, o
JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram
um deputado cada. Já depois das eleições, os social-democratas firmaram
um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, o que perfaz 21
eleitos.Caso o Programa do Governo seja
chumbado e o Governo Regional caia, dois cenários ficarão em cima da
mesa: a nomeação de um novo executivo ou a dissolução do parlamento
madeirense.Contudo, visto que as
legislativas regionais se realizaram há menos de um mês, a Assembleia
Legislativa só poderá ser dissolvida pelo Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, a partir do final de novembro, seis meses após
as últimas eleições.Nesse caso, e de
acordo com o artigo 133.º da Constituição, relativo à competência do
chefe de Estado quanto a outros órgãos, para dissolver o parlamento
regional o Presidente da República terá de ouvir o Conselho de Estado e
os partidos com assento parlamentar.Por
outro lado, segundo o artigo 19.º da Lei Eleitoral para a Assembleia
Legislativa da Região Autónoma da Madeira, em caso de dissolução, o
Presidente da República marca a data da eleição dos deputados “com a
antecedência mínima de 55 dias”.Assim, só
será possível a realização de novas eleições antecipadas na Madeira a
partir do final de janeiro, sendo que o último domingo é o dia 26,
exatamente oito meses após as regionais de maio.
As eleições de 26 de maio realizaram-se também oito meses após as
legislativas madeirenses de 24 de setembro de 2023, depois de Marcelo
Rebelo de Sousa ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da
crise política desencadeada em janeiro, quando Miguel Albuquerque foi
constituído arguido num processo sobre alegada corrupção e acabou por se
demitir O Governo da Madeira ficou então em gestão.
O social-democrata preside ao executivo desde 2015, ano em que o
partido ainda segurou a maioria absoluta que sempre deteve no
arquipélago. Em 2019, para atingir essa meta, foi necessário fazer uma
coligação pós-eleitoral com o CDS-PP (que integrou o Governo Regional) e
em 2023, já com os dois partidos a concorrerem juntos, Albuquerque fez
um acordo de incidência parlamentar com o PAN. No mais recente sufrágio, PSD e CDS candidataram-se separados.No
mandato iniciado em 2023, e que se previa durar até 2027, Albuquerque
conseguiu ver o Programa do Governo aprovado, com os votos favoráveis do
PSD, do CDS e do PAN, e o voto contra de toda a oposição. No contexto
da crise política que surgiu depois, não chegou a ser votado um
Orçamento para 2024.