Autor: Lusa/AO Online
“É preocupante” verificar que 68,5% dos jovens (3.186) consideram como natural pelo menos um comportamento violento na intimidade e que 56% dizem já ter sofrido atos de vitimação, indica o inquérito, divulgado no Dia dos Namorados.
Analisando os vários tipos de vitimação, o estudo revela que 18% foram vítimas de violência psicológica, 16% de perseguições, 12% de violência através das redes sociais, 11% de situações de controlo, 7% de violência sexual e 6% de violência física por parte de um companheiro ou companheira.
Na violência psicológica, os insultos são os atos de violência com maior prevalência (29%), seguido de humilhar e rebaixar a vítima (15%) e de ameaças (11%).
Na violência através das redes sociais, o comportamento mais frequente é entrar no Facebook ou noutra rede social sem autorização da vítima (20%). Foram também relatadas situações de partilha online de conteúdos íntimos sem autorização (4%).
Para os autores do estudo, “estes comportamentos abusivos online são inquietantes na medida em que estes atos podem tornar-se públicos, e eventualmente virais”.
“Esta forma de violência têm um potencial de dano muito alto” a que é preciso estar atento, uma vez que se trata de “uma população muito jovem e que estará a iniciar a sua vida íntima e sexual”.
No controlo nas relações de intimidade, a questão mais prevalente foi a proibição imposta à vítima de estar ou falar com amigos (21%).
O comportamento mais relatado na violência sexual foi o de pressionar a vítima para beijar o companheiro/a à frente de outras pessoas (8%), refere o estudo, que considera “preocupante” a percentagem de jovens (5%) que disseram ter sido pressionados pelo companheiro para ter relações sexuais.
A violência física “continua a ter uma prevalência preocupante”, tendo em conta a idade dos jovens, com 6% a contarem que foram vítimas de comportamentos físicos abusivos.
Segundo o estudo, o tipo de violência mais legitimado é o controlo (29%), seguido da perseguição (26%), da violência sexual (25%), da violência através das redes sociais (24%), da violência psicológica (16%) e da violência física (8%).
Em todos os comportamentos “os rapazes legitimam mais a violência do que as raparigas”, sendo ainda “mais frequente nos/as jovens” que sofreram “atos de vitimação (76,9%)”.
Esta diferença “é significativa” na violência sexual, com 34% dos rapazes a legitimar estes comportamentos, contra 16% das raparigas.
Para os autores do estudo, a legitimação destes comportamentos “pode advir do facto” de, na cultura portuguesa, “estes comportamentos não serem considerados violência (apesar de já criminalizados) e serem muitas vezes romantizados”.
Comparando estes dados com os do inquérito do ano anterior, a UMAR verificou uma “ligeira subida” da legitimação e da vitimação da violência, o que indica a “urgência de uma intervenção com os/as jovens, o mais precoce e continuadamente possível”, para prevenir “a violência sob todas as formas”.