Embaixadores para UE discutem presidência húngara após várias polémicas numa semana
8 de jul. de 2024, 17:50
— Lusa/AO Online
Há
uma semana, a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE,
que vai liderar até final do ano, e desde então o primeiro-ministro
húngaro, Viktor Órban, já realizou deslocações oficiais à Ucrânia (no
início da semana passada), à Rússia (sexta-feira), aos Estados Turcos
(como Azerbaijão, no fim de semana) e à China (hoje), visitas que
geraram várias críticas em Bruxelas e as garantias de que as iniciativas
foram no quadro das relações bilaterais e não em representação
europeia.“Há uma preocupação crescente nas
capitais sobre o papel que Órban atribui a si próprio na chamada
‘missão de paz’, na qual deveria ser claro que ele está apenas a
representar o seu próprio país”, referiu à agência Lusa uma fonte
europeia familiarizada com as discussões, numa alusão ao nome dado pelo
responsável húngaro a tais iniciativas.De
acordo com a mesma fonte, Viktor Órban tem “deixado intencionalmente
muita ambiguidade, exibindo, por exemplo, o logótipo da presidência
[húngara do Conselho da UE] nas suas comunicações dramáticas”.É
por esta razão que os embaixadores dos Estados-membros junto da UE vão
tentar “obter mais clareza na reunião do Coreper [representantes
permanentes dos países] desta quarta-feira”, adiantou.A
mesma fonte admitiu que “as tensões são elevadas após apenas sete dias
de presidência, e espera-se que aumentem” com o decorrer deste semestre
e, nomeadamente, com a proximidade ao Conselho dos Negócios Estrangeiros
de final deste mês, quando se deverá realizar uma nova discussão sobre o
Mecanismo Europeu de apoio à Paz, que a Hungria tem vindo a bloquear há
vários meses, impossibilitando nova ajuda militar europeia a Kiev,
apesar do aval dos restantes 26 Estados-membros da UE.Uma
outra fonte ouvida pela Lusa referiu que “são óbvias” as polémicas
envolvendo a presidência húngara da UE até ao momento, estimando que
“sejam várias” as delegações a pedir esta discussão na quarta-feira, que
ainda não consta porém da agenda oficial da reunião.A
Hungria do controverso primeiro-ministro húngaro Viktor Órban assume
este semestre a presidência rotativa do Conselho da UE, com o mote
“Tornar a Europa Grande de Novo”.Numa
altura em que a UE atravessa mudanças nas instituições com o novo
mandato pós-eleições europeias e em que os Estados-membros se veem
confrontados com desafios como a guerra da Ucrânia causada pela invasão
russa, a competitividade, a defesa e as migrações, a Hungria sucede à
Bélgica na presidência rotativa do Conselho.“Tornar
a Europa Grande de Novo” é o mote desta presidência europeia rotativa,
semelhante ao ‘slogan’ e movimento político norte-americano popularizado
por Donald Trump durante a sua bem-sucedida campanha presidencial de
2016.Esta escolha surge a poucos meses das
eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro, e
quando o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, tem conhecidas boas
relações com Donald Trump, que pode voltar a ser Presidente dos Estados
Unidos.“Já passaram sete dias de
presidência húngara, mal podemos esperar para ver os próximos 176.
Espera-se que este seja o primeiro debate, mas não o último”, adiantou a
fonte europeia à Lusa.Depois da Hungria,
será a Polónia a ocupar a presidência semestral da UE no primeiro
semestre de 2025, seguindo-se a Dinamarca na segunda metade desse ano.