Açoriano Oriental
Astrónomos detetam num 'Júpiter quente' absorvente de calor parecido com ozono

Astrónomos, incluindo um colaborador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), detetaram, pela primeira vez, óxido de titânio na atmosfera de um planeta extrassolar, um absorvente de calor parecido com o ozono da Terra.


Autor: Lusa/AO online

Os resultados da descoberta da equipa internacional de astrónomos, incluindo o astrofísico iraniano Mahmoudreza Oshagh, do IA e do Instituto de Astrofísica da Universidade de Göttingen, na Alemanha, são publicados hoje na revista científica Nature.

O composto químico foi encontrado, em pequenas quantidades, na atmosfera do WASP-19b, que é um 'Júpiter quente', um planeta com massa equivalente à de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, mas que orbita muito próximo da sua estrela, sendo por isso extremamente quente (a temperatura do exoplaneta ronda os 2.000 graus Celsius).

Por estar muito perto da sua estrela, o WASP-19b demora apenas 19 horas a dar uma volta completa em seu redor (a Terra demora um ano a fazer o mesmo em torno do Sol).

"A presença de óxido de titânio na atmosfera de WASP-19b pode ter efeitos substanciais na estrutura e na circulação da temperatura atmosférica", defendeu o astrónomo Ryan MacDonald, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, citado num comunicado do Observatório Europeu do Sul, organização astronómica da qual Portugal faz parte e cujo Telescópio Muito Grande (Very Large Telescope, VLT) foi usado nas observações do planeta.

Num outro comunicado, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço refere que, quando existe na atmosfera de um 'Júpiter quente', o óxido de titânio "funciona como absorvedor de calor".

Em grandes quantidades, que não foram comprovadas no estudo, a substância impede o calor de entrar ou escapar da atmosfera, levando a que a atmosfera superior seja mais quente do que a inferior, o contrário do normal.

O ozono desempenha um papel semelhante na atmosfera da Terra, onde provoca esta 'inversão térmica' na estratosfera (uma das camadas da atmosfera terrestre), limitando a quantidade de radiação solar ultravioleta que atinge a superfície e se torna um poluente nocivo para a saúde na troposfera (camada mais baixa da atmosfera).

A deteção de óxido de titânio no WASP-19b foi feita por via indireta, quando este planeta fora do Sistema Solar passou em frente à sua estrela e uma parte da luz desta foi absorvida pela atmosfera do planeta.


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