Associação Ecológica Amigos dos Açores contra pesca de atum em reservas marinhas
24 de abr. de 2025, 15:14
— Lusa/AO Online
“Os Amigos dos Açores
manifestam a discordância profunda relativamente à alteração proposta à
Assembleia Legislativa Regional, a qual visa autorizar excecionalmente a
pesca de atum com arte de salto e vara em todas as zonas de proteção
total da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores (RAMPA)”, lê-se
num comunicado da associação ecológica, presidida por Diogo Caetano.A
associação justifica o seu parecer alegando que a aprovação da exceção
da pesca de atum em todas as áreas com nível de proteção total “fará com
que nos Açores restem 0% de reservas integrais”.O
PS entregou, no dia 11 de março, na Assembleia Legislativa dos Açores,
um projeto de decreto legislativo regional, que altera o diploma que
estrutura o Parque Marinho dos Açores.A
iniciativa, que ainda terá de ser debatida em comissão e em plenário,
propõe que seja permitida “a pesca comercial com arte de salto e vara
para atum” nas áreas ou zonas “com nível de proteção total”.Para
a associação Amigos dos Açores, na proposta "é ignorado que a pesca de
salto e vara de atum, embora se trate de um método de pesca artesanal
seletiva, representaria riscos de distúrbio de outras espécies aquáticas
e de ecossistemas protegidos, com a presença de embarcações e geração
de ruído e resíduos, entre outros impactes"."A
proposta em análise tem, por isso, impactos reputacionais ao nível
institucional, particularmente no âmbito da política internacional e da
reputação turística, bem como, eventualmente, no âmbito da gestão
partilhada do mar", aponta a associação, no seu parecer.A
associação Amigos dos Açores sublinha que, com a aprovação da RAMPA, os
Açores "atingiram um papel de destaque no contexto internacional, com a
pioneira classificação de 15% da Zona Económica Exclusiva como reserva
marinha totalmente protegida, superando o objetivo internacional da
classificação de 10%".A criação de áreas
marinhas protegidas em 30% do mar dos Açores foi aprovada em outubro de
2024 na Assembleia Legislativa Regional, com os votos a favor do PSD,
PS, CDS-PP, PPM e BE, a abstenção do PAN e os votos contra do Chega e da
IL."Não é compreensível a proposta de
pesca de atum em todas as áreas com nível de proteção total, sem
qualquer fundamentação da importância económica que cada uma destas
áreas representaria para a economia regional", argumenta ainda a
associação.Os Amigos dos Açores entendem
que a pesca de atum "é uma atividade económica relevante e que deve ser
valorizada", considerando, no entanto, que a proteção projetada pela
RAMPA poderá ser "um garante de regeneração do oceano e de alavancagem
da sua economia".O grupo parlamentar do PS
açoriano apresentou no plenário de março a proposta de alteração e
pediu que esta fosse discutida com caráter de urgência, mas o pedido foi
rejeitado pelo PSD, Chega, CDS-PP, PPM e PAN.Na
apresentação da iniciativa, a deputada Joana Pombo Tavares justificou o
pedido de autorização da pesca com a arte de salto e vara para atum nas
áreas de proteção total por se tratar de “um método de pesca artesanal”
em que “o pescador pode selecionar o peixe que captura, evitando
capturar peixes mais jovens ou espécies não comerciais”.O
presidente do PS/Açores, Francisco César, defendeu recentemente a
captura de atum com arte de salto e vara nas zonas marinhas protegidas
da região, alegando que não há fundamento científico para a proibição.O
Governo açoriano reafirmou, a 11 de abril, a "profunda preocupação"
com a proposta do PS para alterar a Rede de Áreas Marinhas Protegidas
dos Açores (RAMPA) para permitir a pesca de atum de salto e vara em
áreas de proteção total.